Dias Lourenço esteve, durante as décadas de 40 e 50, directamente ligado às lutas do chamado "proletariado rural" alentejano, e dessa experiência se serviu há uma década, mais coisa menos coisa, para escrever "Alentejo, legenda e esperança - I", um livro magnífico, resumido por Urbano Tavares Rodrigues da seguinte forma:
Livro com muito interesse, que, num português claro e elegante, historia, de um ponto de vista marxista, as lutas de classe no Alentejo desde o repovoamento que se seguiu à Reconquista até à Lei das Sesmarias, às transformações operadas pela Revolução Liberal de 1820 e pela República de 1910, insistindo especialmente na formação das associações sindicais e nos combates dos trabalhadores pela melhoria das suas condições de vida, durante o Estado Novo.
Dias Lourenço, que foi um herói da Resistência Antifascista, militante clandestino do PCP, preso durante 17 anos, com prodigiosas evasões e uma vida aventurosa, é, alem disso, um operário culto, metalomecânico, que frequentou a Universidade Popular, leu muito e, como já disse, escreve bem. Neste livro as suas páginas sobre a Revolução Agrária em Portugal, depois do 25 de Abril, têm valor histórico e contêm informações preciosas. Parece-me obra digna de figurar nas Bibliotecas da Gulbenkian. Embora com uma perspectiva partidária, tem grande importância documental, é inteligente e estimula o estudo e a discussão de um período fascinante da nossa História recente, a transformação do País.
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