Por razões que não têm relevância para o caso, resolvemos fazer o regresso das férias passadas no sotavento algarvio pelo alentejo interior, com passagem por Alcoutim, Mértola, Beja e Ferreira do Alentejo, a caminho da auto-estrada do sul.
A viagem incluiu almoço em Beja, onde já não ia há meia dúzia de anos, mas o que verdadeiramente me interessou na viagem foi a contemplação - tanta quanta é possível fazer enquanto se conduz um automóvel - da paisagem alentejana em permanente alteração, desde a saída do concelho de Alcoutim, zona de serra que nos leva à belíssima Mértola, até às planícies que ladeiam as aldeias, vilas e cidades da zona de Beja.
Não é fácil imaginar o Alentejo pelo qual Gonçalves Correia viajava, no cumprimento das importantes funções de caixeiro viajante, em representação de casas comerciais, povoações dentro. O Alentejo, que será ainda assim a região do país que menos se modificou no último século, já não é aquele que o velho anarquista percorreu, de lés a lés, por entre vivas à liberdade e improvisados comícios que o levaram à cadeia, com fama de "perigoso comunista".
Seja como for, fiquei - uma vez mais - com a sensação de que para compreender Gonçalves Correia, tão importante como ler os seus textos, estudar a sua vida, contextualizar a sua intervenção, é contemplar o Alentejo, a paisagem que verdadeiramente molda o jeito de ser daquela(s) gente(s). Ler a paisagem, integrando-a na história de vida dos alentejanos, do povo colectivamente considerado, dos seus filhos mais célebres, individualmente estudados.
1 comentário:
Pois é, rapaz, aquela margem esquerda é especialíssima!
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